quarta-feira, 24 de abril de 2013

Tapete Dimirdji

A cidade de Dimirdji fica a meio caminho entre Ghiordes e Oushak. Que se saiba, nenhum tapete foi tecido ali, nos últimos 50 anos, pelo menos. 

Os tapetes de Dimirdji invariavelmente apresentam um distintivo centro-hexagonal com fundo vermelho, sendo os quatro cantos do campo geralmente tecidos em verde e as margens predominantemente amarelas. São peças de considerável raridade.

 














Tapete Bergama

Bergama é uma pequena cidade localizada a 96km ao Norte de Izmir, edificada sobre a localização da antiga Pergamum. Seus tapetes têm cores fortes e encorpadas, sendo um tanto raros no mercado hoje em dia. 

Costumam apresentar um medalhão central geométrico, sendo similares às peças de Ladik. Também mostram certa similaridade com os tapetes Kazak, do Cáucaso. 

Na década de 20, um tapete inferior, tecido na Grécia e na Turquia, foi comercialização como Pergamo, porém eles não eram produzidos na cidade do mesmo nome e nem possuíam qualquer qualidade.




Tapete Anatolia

Anatolia é sinônimo para aquela parte da Turquia que fica na Ásia, conhecida tradicionalmente como Ásia Menor. Assim, os tapetes anatolianos são turcos, uma definição não muito proveitosa. 

De qualquer modo, o termo é hoje usado geralmente para tapetes de nítida procedência turca, mas aos quais não pode ser atribuído qualquer nome específico do lugar de origem ou do fabricante. 

Este nome é também aplicado com frequência a modernos tapetes turcos, tecidos em desenhos florais persas.






Tapete Ak Hisser

Estes tapetes levam o nome da cidade que fica a cerca de 96km a Noroeste de Izmir. Apresentam grandes medalhões e motivos geométricos, similares aos que aparecem nas peças Oushak e Ghiordes. 

Entretanto, nenhum tapete que possa ser definitivamente atribuído a esta cidade, foi produzido nos últimos mais ou menos cinquenta anos. Aliás, parece haver uma considerável controvérsia sobre a legítima aparência dos tapetes Ak Hisser. 

Trata-se de um nome que tem sido regularmente usado para peças que bem podem ser originárias de Oushak, Ghiordes ou mesmo Kirshehir.






Tecelagem Turca

A arte da tecelagem de tapetes tem tido, na Turquia, provavelmente a mesma duraçãoque na Pérsia. Aliás, não se falando no tapete russo de Pazyryk (o mais antigo que conhecemos), o tapete do "Dragão e a Fênix", existente em Berlim, pode ter sido tecido na Turquia.

Durante os séculos XVI e XVII, tapetes originários da Turquia faziam aparição constante em pinturas de artistas famosos. De fato, foram tão aproveitados por Holbein (como em sua famosa tela Os Embaixadores, na National Galery, Londres), que tais peças, talvez tecidas em Oushak, passaram a ser conhecidas como tapetes de Holbein. Nas telas flamengas do século XV, incluindo-se vários quadros de Jan Van Eyck, também surge a presença dos tapetes turcos, sendo eles ainda representados em muitos quadros italianos e, significativamente, com frequência em retratos executados por venezianos. Veneza foi o mais movimentado porto comercial da Europa e, conforme podemos presumir, o grande número de tapetes turcos em lares da opulenta classe dos mercadores venezianos, sem dúvida nenhuma devia provir de seu comércio com o Oriente.

Sabe-se, por exemplo, que o Cardeal Wolsey, presidente da Cãmara dos Pares da Inglaterra, adquiriu a um mercador veneziano sessenta tapetes turcos, para seu palácio em Hampton Court. Sua Eminência referia-se a esses tapetes como "damascenos", uma vez que a riqueza dos motivos assemelhava-se ao artesanato damasceno, a arte oriental de incrustar ouro, prata e cobre em latão. Na primeira metade do século XVI, quando foram pintados os retratos de Holbein, a Turquia se tornara o mais poderoso país do Oriente Médio, através da grandeza de seu legendário sultão Solimão, o Magnífico, chamado o Grão-Turco.

Os tapetes turcos possuem certas marcas distintivas:
  1. Sempre empregam o nó turco
  2. Os fios da trama e urdimento de todos os tapetes produzidos antes de 1870, aproximadamente, eram feitos em lã ou pêlo de cabra. A partir de então, é que foi usado o algodão. 
  3. Todos os tapetes turcos apresentam cordéis laterais duplos, tecidos achatadamente, em lã ou algodão; somente dois tipos persas, o Tabriz e o Heriz, têm essa mesma confecção.
Os tapetes turcos antigos raramente mostram criaturas vivas, humanas ou animais, em sua tecedura, como resultado de pressões religiosas contra imagens figurativas.
No século atual, contudo, tal rigidez foi relaxada ou ignorada e, além disso, a sagrada cor verde é hoje razoavelmente empregada na maioria dos tipos de tapetes. Finalmente, as peças turcas de grande tamanho, tendem a ter sido produzidas nos últimos sessenta ou setenta anos.

Existem cerca de trinta variedades diferentes de tapetes turcos. A lista abaixo comporta dezoito das mais importantes, em uma seleção como a feita para os tapetes persas, que examinaremos individualmente:
  1. Ak Hisser
  2. Anatolia
  3. Bergama
  4. Dimirdji
  5. Ghiordes
  6. Hereke
  7. Kirshehir
  8. Konya
  9. Kulah
  10. Ladik
  11. Makri
  12. Melas
  13. Mudjur
  14. Oushak
  15. Sivas
  16. Smyrna
  17. Sparta
  18. Yuruk
Em sua maioria, os demais tipos de tapetes turcos são versões dos citados acima, de maneira que apenas um perito pode diferenciá-los. Durante o século XVII, belos tapetes florais, muito semelhantes aos persas, foram tecidos na Turquia, provavelmente nos teares reais, em Istambul.






sábado, 13 de abril de 2013

Diferenças de Estilos de Tapetes

As localizações geográficas da Pérsia denotam fortes diferenças de estilo entre os vários tipos de tapetes produzidos.

As tribos curdas nômades dominam a região Oeste, misturadas a armênios provenientes do Cáucaso. Tribos nômades da Turquia também há séculos têm cruzado a fronteira turco-persa. Em livros antigos, a região Noroeste da Pérsia era costumeiramente mencionada como Kurdistan, um nome que era empregado com frequência para referir-se a todos os tapetes confeccionados nesta área em particular.

As características mais óbvias dos tapetes persas, o nó persa e os motivos florais de ornato, geralmente estão ausentes nas teceduras produzidas nesta parte do país, onde se costuma empregar o nó turco, e os desenhos apresentam uma vigorosa geometricidade que constitui o traço principal dos produtos turcos e caucasianos. Como ocorre nas outras três regiões do país, existe na parte Oeste da Pérsia uma cidade que, em si, é o centro e ponto focal da indústria tapeceira - Heriz - a qual substitui o nome Kurdistan para descrever o tipo geral dos tapetes ali tecidos. Nesta área predominantemente curda, com seu tipo de tapete não-persa, situa-se a cidade curda de Sehna, a qual não apenas forneceu seu nome ao nó persa, como também produziu tapetes que, estilisticamente, nada têm de curdos, sendo legítimos persas.

A região Leste do país é, ironicamente, dominada pela cidade afegã de Herat, embora esta tenha outrora feito parte da Pérsia. Esta não é uma grande região tapeceira, e o desenho principal de seus tapetes - uma superfície tomada pelo motivo pera - é a mais comum característica identificatória, embora estes não sejam os únicos tipos de peças persas a empregarem tal desenho.

A Pérsia Central, maior e mais prolífica região é denominada pelos dois centros de Kashan e Sultanabad que, como Heriz na região Oeste da Pérsia, são os pontos principais de mercado. Em geral, os tapetes ali tecidos tendem a ser os mais característicos de todas as teceduras persas; quando pensamos nas palavras "tapete persa", o que nos salta à mente - um enorme tapete, ricamente tecido em flores multicoloridas, muitas vezes com um medalhão central - é quase sempre um retrato de íntima semelhança com uma peça de Isfahan ou Kashan. O nó persa é o mais empregado nessa região e ali produzida a maioria das grandes obras-primas da tecedura persa.

Os tapetes tecidos ao Sul, têm como centros de mercado as duas grandes cidades de Kirman e Shiraz. Como ocorre com os tapetes do Leste, o desenho mais popular no Sul tende a ser o motivo pera ocupando toda a superfície, porém as peças do Sul são criações muito mais finas e muito mais valiosas. Os motivos dos tapetes tecidos sob a égide de Kirman, em geral são mais florais do que os produzidos perto de Shiraz, estes possuindo uma certa qualidade geométrica. Deve-se registrar que a área de Kirman é, de longe, a maior das duas.





Tapete Shiraz

A cidade de Shiraz é o centro da grande região tapeceira ao Sul da Pérsia, a qual inclui peças tecidas pelas tribos Qashgai e Khamseh, além das confeccionadas nos arredores de Beshir e do Lago Niris. Entre os nomes individuais, atribuídos aos tapetes da área de Shiraz, além do próprio Shiraz, temos também Niris, Faristan, Gashgai, Nifliz e Afshar. Shiraz é capital da Província de Faristan (ou Fars), sendo o local d comercialização para todos os tapetes tecidos na região, com exceção dos Afshar, que são comercializados na cidade de Kirman.

Os tapetes Shiraz antigos, usavam uma lã melhor do que quase todos os demais tapetes persas. Os tecidos hoje, continuam empregando a lã para os fios da trama e urdimento. Era frequentemente usado o motivo pera, bem como medalhões vergôntea e losangulares, em cujo interior apresentavam aves e animais estilizados. O mais usado é o nó persa, embora seja encontrado ocasinalmente o nó turco, um interessante complemento para uma geometricidade sententrional de alguns motivos Shiraz. Livros antigos costumam mencionar os tapetes para orar, ali tecidos, como Shiraz Meca, uma vez que pareciam ser os preferidos dos peregrinos à Cidade Santa.





quarta-feira, 10 de abril de 2013

Tapete Niris

Estes tapetes são tecidos pelas tribos montanhesas na Província de Loristan. Niris é o nome de um lago salgado da região que é dominada pela grande cidade tapeceira de Shiraz. 

Geralmente é empregado o nó persa, embora às vezes tenha sido usado o nó turco, nas peças mais antigas. Os fios de trama e urdimento são de lã. 

Os tapetes Niris possuem quase sempre uma tecedura mais compacta do que os Shiraz, com desenhos e cores distintivas. O motivo pera, tecido em fileiras e geralmente em verde, apresenta-se sobre campo vermelho-garança. 

Existem aproximadamente cinco tiras nas margens, com frequência tecidas no motivo postede-barbeiro (poste listrado em espiral, nas cores vermelho/azul/branco, à porta de barbearias).

A lã é quase sempre de ótima qualidade, sendo estes tapetes extremamente respeitados pelos colecionadores.





terça-feira, 9 de abril de 2013

Tapete Kirmanshah

Kirmanshah é uma cidade curda no Noroeste da Pérsia, a cerca de 1000 Km de Kirman e a 450 Km ao sul de Tabriz. 

Os tapetes Kirmanshah não possuem qualquer conexão com a remota cidade curda do mesmo nome. Pode ser que "Kirmanshah" fosse, originalmente, uma palavra denotando um tipo superior de Kirman, embora, segundo Lewis, em The Practical Book of Oriental Rugs (Manual sobre tapetes orientais), Kirmanshah fosse um importante centro de caravanas, de onde esses tapetes eram enviados para o Ocidente.
 
Eles são tecidos com o nó persa, tendo a trama e urdimento em algodão (nenhuma destas características sendo curdas) e seus desenhos são, geralmente, de intrincados motivos florais.






segunda-feira, 1 de abril de 2013

Tapete Kirman

A cidade de Kirman é centro de uma grande e importante área de tecedura de tapetes. Várias aldeias e cidadezinhas, além da cidade em si, encontram-se enganjadas nesta indústria. Entre elas, as mais importantes são Ravar, Okalat-Dehzanuw, Anaristan, Mahan, Saidabad, Anar Zarand, Khanuk e Chatrud. Uma nota histórica interessante, é que os xales paisley, empregando o motivo pera, encontrado em tantos tapetes persas, durante o século XIX eram tecidos em Kirman, entre outros lugares, com vistas ao mercado europeu.

Kirman é uma cidade antiga (Marco Polo teceu comentários elogiosos a seu respeito), e tapetes vêm sendo tecidosna região provavelmente há séculos. Contudo, foi somente durante a segunda metade do século XX que alguns foram exportados. Aliás, os tapetes Kirman mais antigos foram, em geral, confeccionados dentro dos últimos cem anos.

Os tapetes Kirman primitivos, eram tecidos com os motivos mais naturalistas de quaisquer peças orientais. Em geral apresentavam um campo marfim e bem desenhados com animais, aves, figuras humanas e flores. Um motivo usado com frequência, era um padrão global de cestas de rosas delineadas com grande realismo. As cores dos Kirman antigos, costumam ser suaves tonalidades pastel. 

O nó persa é sempre usado, sendo de algodão os fios da trama e urdimento. Foi tecido um número bastante reduzido de peças em seda as quais, como é lógico, hoje são extremamente valiosas.

Os Kirman modernos são bem diferentes. As cores continuam sendo de tonalidades pastel, com o uso predominante do fundo em marfim, mas os tapetes confeccionados nos anos 20 e 30, até a época presente, adaptaram-se ao favoritismo americano por motivos florais, similares em desenho às peças francesas dos séculos XVIII e XIX. Tal predileção foi plenamente satisfeita pelos Kirman, com bordas e medalhões centrais em motivos florais. A partir da Segunda Guerra Mundial, tem sido tecido, especialmente para o mercado doméstico, um terceiro tipo, empregando os brilhantes vermelhos e azuis, tão admirados pelos próprios persas.